Economia

Sindicato atribui erro no fluxo cambial a esvaziamento do BC

Servidores pedem novo concurso e correção de defasagem salarial

A ausência de concursos públicos e a falta de correção de defasagens salariais provocaram o erro de US$ 14,5 bilhões no fluxo cambial do ano passado, informou hoje (27) o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal). Em nota, a entidade cobrou esclarecimentos do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

“O sindicato entende que o processo acelerado de esvaziamento dos quadros da autarquia, em face da ausência de novos concursos e da desvalorização de seu corpo funcional frente aos de outras instituições estratégicas do Estado, o que também contribui para a evasão de mão de obra altamente qualificada, cria ambiente propício para a ocorrência de eventuais equívocos”, destacou o comunicado.

Sindicato atribui erro no fluxo cambial a esvaziamento do BC
© Marcello Casal Jr Agência Brasil

A entidade ressaltou que o BC não promove concursos públicos há dez anos, sem repor servidores que se aposentam ou que são atraídos pelo setor privado. O sindicato também informou que as “remunerações defasadas e assimetrias injustificáveis” deterioram o clima de trabalho e interferem na rotina.

Apoio

O sindicato manifestou apoio aos servidores da casa, encarregados de levantar e de publicar os dados. A entidade também ressaltou que os funcionários do BC estão dando continuidade a projetos que ficaram interrompidos no primeiro semestre do ano passado, após uma operação padrão no início do ano e uma greve que se estendeu por três meses.

“A despeito disso, os servidores da autoridade monetária têm cumprido, com caráter exemplar, afinco e excelência suas funções. Provas disso são as boas entregas cotidianas e os grandes projetos recentes: Pix, Open Finance, Sistema de Valores a Receber, etc. Fruto do trabalho incansável de todo o corpo funcional, que tem sido impelido a, diariamente, fazer mais com menos”, informou.

A entidade também apoiou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, que revelou o erro ontem (26) em entrevista coletiva. “Em face da grande repercussão do tema, o Sinal reafirma a confiança na qualidade e na lisura do trabalho dos servidores que integram o Departamento de Estatísticas (Dstat), sob o comando do colega Fernando Rocha”, destacou o comunicado.

Cobrança

O Sinal também cobrou esclarecimentos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e de outros órgãos, como a Secretaria de Política Econômica, sobre a situação dos funcionários do órgão. De acordo com a entidade, uma autoridade monetária autônoma não pode abrir mão de servidores valorizados e deve operar com um número de servidores compatíveis com suas atribuições.

“Vale, por fim, destacar que caberia ao titular da pasta de Política Econômica, ou mesmo ao presidente Roberto Campos Neto, vir a público trazer mais esclarecimentos e reforçar a confiança no trabalho do corpo funcional do BC. A verdadeira liderança se faz em momentos como este e não apenas nas cerimônias públicas, no Brasil e no exterior, cercadas de lisonjas pelos grandes feitos do Banco Central”, reivindicou o sindicato.

Erro

Em coletiva de imprensa ontem (26), Fernando Rocha afirmou que os números do fluxo cambial de 2022 passaram por ajuste extraordinário, por causa de um erro interno provocado pela criação de códigos de operações cambiais com a nova legislação. Após a revisão, o fluxo cambial do ano passado registrou saída líquida de US$ 3,233 bilhões, em vez de entrada líquida de US$ 9,574 bilhões.

Além da diferença de cerca de US$ 12,8 bilhões no ano passado, o BC registrou defasagem de US$ 1,7 bilhão entre outubro e dezembro de 2021. Isso elevou para US$ 14,5 bilhões o total contabilizado de forma errada pelo BC.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília / Edição: Aline Leal - 27/01/2023 16:25:22. Última edição: 27/01/2023 16:25:22

Tags: Bc Banco Central Câmbio Dólar

Leia também:

Banco Central corrige dados cambiais e país fecha 2022 no negativo

Banco Central corrige dados cambiais e país fecha 2022 no negativo

Erro na compilação dos dados apontou uma diferença de US$ 14,5 bilhões. O Banco Central constatou inconsistências no ano de 2022 e também nos últimos três meses de 2021.

Cerca de 40% das negociações salariais não cobriram a inflação em 2022

Cerca de 40% das negociações salariais não cobriram a inflação em 2022

No ano anterior, foram 27.759 negociações, com valor mediano de 7,08%. O piso salarial no ano passado ficou em R$ 1.481, ante R$ 1.352 em 2021, diz Fipe.

BNDES vai destinar recursos para agricultura sustentável na Amazônia

BNDES vai destinar recursos para agricultura sustentável na Amazônia

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vai destinar até R$ 336 milhões do Fundo Amazônia para promover a agricultura de base sustentável e a alimentação escolar saudável na região.

Petrobrás arremata 29 blocos em regime de concessão em leilão da ANP

Petrobrás arremata 29 blocos em regime de concessão em leilão da ANP

Com isso, a empresa petroleira estatal ampliou seu portfólio atual, que atualmente conta com 47 blocos. Nesta quarta-feira, foram arrematados 192 blocos, em leilão do governo federal, com compromissos de investimento mínimos de R$ 2 bilhões.

Este site usa cookies para fornecer serviços e analisar o tráfego. Saiba mais. Ok, entendi