Governo prepara plano para resposta rápida a espécies invasoras
Elaborada de forma participativa, proposta do programa de alerta, detecção precoce e resposta rápida de espécies invasoras foi finalizada e está sendo revisada pelo MMA.
Empreiteiras foram favorecidas em muitas políticas públicas
Há um consenso atual entre historiadores de chamar a ditadura após o golpe de 64, de civil militar. Isso porque diversos estudos e documentos revelados recentemente apontam que o apoio ao golpe e à ditadura contou com o suporte de setores civis organizados, como o dos grandes empresários por meio da Fiesp, e das empreiteiras.
© Tânia Rêgo/ Agência Brasil
O professor de história da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Pedro Campos, que estudou a atuação das empreiteiras e empresários no governo militar, falou que o apoio ao golpe contra João Goulart trouxe as empreiteiras para o centro do poder, que acabaram favorecidas em muitas políticas públicas.
"As empreiteiras, ao lado de outras empresas privada, vão atuar justamente no sentido de derrubar mesmo o Jango e o seu governo e quando chega o golpe de 64 e é implementada a ditadura, elas chegam ao poder, junto com outros grupos econômicos. E atuam diretamente durante a ditadura sendo muito favorecidas pelas políticas estatais daquele período, com grandes cotações orçamentárias, grandes projetos de rodovias, hidrelétricas, metrôs, de grandes projetos apresentados nesse período".
Os grandes empresários brasileiros ditaram as políticas econômicas deste período, isso é marcado pela nomeação de Delfim Netto para o Ministério da Fazenda, a partir de 67. Sob sua gestão, a ditadura militar conseguiu o que chamam de milagre econômico, o crescimento econômico impulsionado pelo investimento em grandes obras como rodovias, hidrelétricas e outras obras de infraestrutura.
No entanto, o economista e professor visitante da universidade de Columbia Marcelo Medeiros discorda do uso desse termo, “milagre econômico”. Para ele, esse crescimento foi desigual, com os mais ricos sendo mais beneficiados nesse processo.
"Primeiro, o termo 'milagre' é de propaganda, um termo incorreto para esse período. Na verdade, ele é um resultado esperado de uma política que foi adotada em investimento pesado, baseado em endividamento. A distribuição do crescimento desse período dos anos 60 e 70 é extremamente concentrada. Esse crescimento foi bom para as pessoas mais ricas, que se apropriaram da maior parte de toda a renda da economia, e não foi bom para o meio da distribuição, para grande parte da distribuição."
Além disso, cabe lembrar que o aparato militar empresarial sufocou as mobilizações dos trabalhadores por direitos, o que representou no período perdas salariais e aumento no número de acidentes de trabalho, como explicou o professor Pedro Campos.
"Ele perde 41% do seu valor real, do seu poder de compra entre 64 e 74. Ou melhor, a gente perde quase metade do valor do salário mínimo em dez anos, após o golpe de 64. A redução dos gastos dos empresários em itens de segurança faz com que a gente tenha uma elevação significativa de acidentes de trabalho durante a ditadura. O Brasil vai se tornar recordista internacional nesta estatística. A gente tem durante toda a ditadura mais de 60 mil operários mortos".
Dentre essas 60 mil mortes de trabalhadores no período, o professor Pedro Campos ainda destacou aquelas ocorridas nas grandes obras promovidas pela ditadura. Na construção da Ponte Rio Niterói segundo dados oficiais, foram registradas as mortes de 35 trabalhadores e nas obras da hidrelétrica de Tucuruí, 197 trabalhadores faleceram em virtude de acidentes de trabalho.
Especial Semana Ditadura
A Radiogaência Nacional apresenta um especial com cinco reportagens sobre a Ditadura Militar. As matérias serão publicadas de 27 de março a 1º de abril. Essa é a primeira da série.
Ficha técnica:
Reportagem: Nelson Lin
Produção: Beatriz Evaristo
Colaboração: Salete Nunes
Sonoplastia: Messias Melo
Edição: Ana Lúcia Caldas
Publicação na Radioagência Nacional: Renata Batista
Agência Brasil / Por Nelson Lin - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo / Edição: Ana Lúcia Caldas/ Renata Batista - 27/03/2023 15:05:05. Última edição: 27/03/2023 15:05:05
Tags: Especial Ditadura
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