Governo abre canal para receber denúncias de ataques em escolas
É possível denunciar, por exemplo, sites, blogs, publicações em redes sociais e fóruns, perfis e outros conteúdos suspeitos. Não é exigida a identificação do denunciante.
Além de questões ligadas à segurança, falta atenção à saúde mental da comunidade escolar; reverter este cenário é bandeira da associação formada por familiares das vítimas do Massacre de Realengo.
Doze anos depois do massacre de Realengo, as escolas brasileiras ainda carecem de preparação para conflitos - seja no que se refere à segurança, seja quanto ao cuidado com a saúde psicológica dos professores, funcionários e estudantes.
No estudo Ataques de violência extrema em escolas no Brasil, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), analisam o perfil deste tipo de agressor e fazem um levantamento dos casos de atentados contra a vida em escolas brasileiras. De acordo com a pesquisa, nos últimos 21 anos foram registrados mais de 20 ataques com violência extrema em unidades escolares.
Um caso recente aconteceu em uma creche em Blumenau, em Santa Catarina. Um homem de aproximadamente 25 anos invadiu o local, nesta quarta-feira (5), e matou quatro crianças. Menos de um mês antes, no dia 27 de março, quatro professoras e um aluno foram esfaqueados na Escola Estadual Thomázia Montoro, em São Paulo. Outro exemplo que chocou o país foi o massacre da escola Raul Brasil, em 2019, também em São Paulo, que deixou oito mortos.
A análise aponta que a violência praticada por jovens é premeditada e motivada por raiva, vingança e envolvimento com grupos extremistas, principalmente na Internet. Cleo Garcia, uma das autoras do estudo, resume o perfil predominante dos agressores.
"São jovens, do sexo masculino, brancos, demonstram gosto pela violência, pelo culto às armas. Eles também possuem uma relação interpessoal muito restrita. Alguns apresentam alguns históricos de violência doméstica”.
Outro dado que chama a atenção no estudo são características como ódio às mulheres e a necessidade de autoafirmação da figura masculina nos crimes cometidos, como destaca Cleo.
“Nós verificamos que a misoginia é um fator comum a todos eles. Esse ódio, ele é reforçado nos grupos de conversas, de plataformas de conversas de gamers, várias mídias sociais que eles têm acesso”.
Adriana Silveira perdeu a filha, Luiza, no massacre. A dor diante da tragédia a levou a fundar a Associação Os Anjos de Realengo, que reúne outros familiares de vítimas do ataque. Ela explica que atualmente a escola Tasso da Silveira é muito diferente.
“Hoje, a escola é uma outra escola. Hoje a escola é toda monitorada por câmera. A diretora trabalha com as crianças, fala muito sobre bullying, sobre violência nas escolas”.
Adriana acrescenta que a luta da associação não é somente pela Tasso da Silveira, mas por todas as escolas do país. Entre as medidas reivindicadas estão psicólogos nas unidades escolares, professores preparados e mais segurança.
“Nós queremos que mude todas as escolas, que em todas as escolas nossas crianças estejam seguras. Então a luta é grande, a luta continua. E a gente vê que hoje existe um grande número de ataques acontecendo em nossas escolas e a gente precisa não parar de forma alguma. Eu acho que essa luta hoje não é só minha, essa luta tem que ser de toda a sociedade”.
Outra contribuição nesta batalha é a elaboração de um protocolo de prevenção a ataques contra escolas na cidade do Rio de Janeiro, baseado em métodos da cultura de paz e justiça restaurativa. A ideia do projeto é da juíza da Vara da Infância e da Juventude da Capital Vanessa Cavaliere e foi apresentada em uma reunião esta semana com a Secretaria Municipal de Educação do Rio e a Guarda Municipal, responsável pelas rondas escolares. Ela explica como funcionaria o protocolo.
“O protocolo funcionaria como um guia para que as escolas possam mapear esses problemas - as causas que podem levar a um incremento da violência -, e também a sugestão de ferramentas que as escolas podem adotar para prevenção”.
Ela ressalta que o projeto deve incluir uma forte qualificação dos profissionais das escolas para a percepção de situações de risco.
“A intenção é que se faça uma capacitação dos agentes de educação, corpo docente, e todos os colaboradores, para que eles possam identificar que há alunos em situação de exclusão, de isolamento social, de sofrimento mental, probabilidades de neuroatipicidades ou transtornos psiquiátricos em geral, acionar a rede de saúde mental, e promover práticas que possam ser inclusivas”.
A juíza também ressalta que, para além do ensino de disciplinas, a escola é um ambiente para o aprendizado das habilidades emocionais, especialmente respeito ao próximo e empatia.
A Radioagência Nacional traz duas reportagens especiais sobre os 12 anos do atentado na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. As matérias serão publicadas nos dias 7 e 8 de abril. Esta é a primeira reportagem (veja a relação completa abaixo):
*Ficha técnica das reportagens especiais:
Reportagem: Carolina Pessôa
Edição: Raquel Mariano
Publicação na Radioagência Nacional: Nathália Mendes
Agência Brasil / Por Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro / Edição: Raquel Mariano / Nathália Mendes - 08/04/2023 09:00:08. Última edição: 08/04/2023 09:00:08
Tags: Massacre De Realengo Violência Em Escolas
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