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Levantamento mostra estereótipo mais comum em abordagens policiais

Durante a pesquisa, da Universidade Federal Fluminense, foram analisadas cerca de 1.200 abordagens. Foi constatado que um percentual maior de pretos e pardos foi abordado quando andava a pé, 68%, em comparação com brancos na mesma situação, 40%.

Um levantamento realizado pelo Departamento de Sociologia da Universidade Federal Fluminense aponta que há um estereótipo quanto a escolha de quem será abordado em operações policiais, sugerindo práticas de racismo. O estudo tem como foco o modelo de abordagem de proximidade com o cidadão da Operação Segurança Presente realizada no estado do Rio de Janeiro.

Durante a pesquisa, foram analisadas cerca de 1.200 abordagens. Os dados revelam que o meio de transporte utilizado pelas pessoas é um fator importante a ser considerado. Foi constatado que um percentual maior de pretos e pardos foi abordado quando andava a pé, 68%, em comparação com brancos na mesma situação, 40%. Uma quantidade maior de brancos, 50%, foi abordada quando andava de moto, em comparação com pretos e pardos, 24%.

Verônica Toste, professora da UFF e orientadora do estudo, explica o que isso significa. 

“O que que a gente pode deduzir um pouco daí né, é que o indivíduo preto ou pardo que está a pé, ele é abordado pela cor da pele. E o branco, ele costuma ser mais abordado quando está andando de moto e tal, ele não está visível, ele é abordado por estar de moto, não pela cor da sua pele”. 

O estudo é resultado da dissertação do Major da Polícia Militar Leonardo Hirakawa. Ele também destaca outra prática que pode apontar para racismo ou política de exclusão detectada no estudo. 

“Quando você tinha um sol que estimulasse a pessoa a ir à praia, o policiamento era colocado de forma que impedisse as pessoas de se deslocarem do transporte público, BRT, as linhas de ônibus, para que impedisse as pessoas de chegarem andando nas praias”.

Verônica Toste também ressalta que a pesquisa não aponta necessariamente para o racismo nos policiais, mas na Operação Segurança Presente.

“Muitos policiais são negros, muitos policiais não pretendem discriminar, não tem necessariamente uma atitude racista, em relação às pessoas negras, obviamente que outros têm né. Mas independentemente de como o policial se sente em relação a isso, o que o estudo explora, o funcionamento da Operação Segurança Presente gera o resultado racista”.

Ainda de acordo com o estudo, outro fator que corrobora a manutenção de práticas racistas é a alta demanda sobre o número de abordagens para que o policial seja mantido no posto. A partir dessa quantificação, é medida a eficiência do policial, que para atingir a meta acaba por abordar mais pretos, pardos e pobres, considerados com menor potencial para causar problemas para o policial.

Agência Brasil / Por Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro / Edição: Sheily Noleto / Alessandra Esteves - 14/04/2023 16:20:20. Última edição: 14/04/2023 16:20:20

Tags: Levantamento UFF Racismo Brancos Pretos Pardos Abordagem

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