Lítio da América Latina está na mira de interesses internacionais

A busca do lítio para abastecer a indústria de eletrônicos coloca a América Latina, mais uma vez, na mira de interesses internacionais pela extração do mineral. A avaliação é de especialistas em relações internacionais e em economia mineral.

O lítio é usado na indústria de fármacos, de plástico, mas principalmente na produção de baterias de celulares, computadores e até de carros elétricos. A participação do segmento de baterias chega a 75% da demanda. Isso coloca o lítio como uma matéria "crítica", estratégica para "energia limpa" nas próximas décadas.

A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que o crescimento de carros elétricos vai triplicar até 2030. As maiores produtoras de lítio do mundo, trabalham com taxas médias de crescimento, em torno de 20% ao ano.

Acontece que 60% das reservas mundiais do minério estão no chamado "Triângulo do Lítio", que abrange o norte do Chile, da Argentina e parte da Bolívia. Pelo fato da Bolívia, por exemplo, não ter tecnologia para extração, o país já abriu espaço para atuação de empresas chinesas.

De acordo com o professor de economia mineral e geologia econômica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Daniel Pasin, é necessário que os países discutam uma forma sustentável de extração, levando em conta a proteção do solo, das águas e também das populações. Ele explica que somente uma balança positiva gerada pela exportação de Lítio não significa o mesmo para a indústria nacional:

No Brasil, um decreto federal do ano passado abriu as operações de comércio exterior de lítio. Atualmente, são três as principais empresas do setor. De acordo com Carlos Potiara Castro, pós-doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade do Pará, esse decreto foi estabelecido na contramão de medidas de proteção estratégicas tomadas por outros países latino-americanos.

A participação das reservas de lítio no Brasil, principalmente no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, tem sido revisada nos últimos anos. A descoberta de novas tecnologias de extração fez com que o país alcançasse 8% das reservas mundiais, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil.