Geral

Massacre na escola Raul Brasil, em Suzano, completa quatro anos

Os autores do crime eram ativos em fóruns da internet, onde predominam os discursos de ódio misóginos, supremacismo branco, bullying e nazismo.

Nesta semana faz quatro anos do massacre na escola Raul Brasil, em Suzano, um crime que resultou na morte de sete pessoas. Os autores, que eram ex-alunos da instituição de ensino, se suicidaram após o crime. As pessoas que forneceram as armas de fogo aos criminosos chegaram a ser presas, condenadas e cumpriram penas de quatro anos convertidos em prestação de serviços à comunidade.

O que sabe através das investigações é que os autores do crime eram ativos em fóruns da internet, onde predominam os discursos de ódio misóginos, supremacismo branco, bullying e nazismo e, infelizmente, esses discursos continuam reverberando entre a juventude atualmente. Muitos jovens, principalmente os homens, frustrados por diversas razões, são cooptados para esses grupos violentos em fóruns da web.

De acordo com o psicanalista Christian Dunker, muitos deles veem na violência um meio de ligação com a ideia do homem viril e másculo.

A professora da Universidade Federal do Ceará e ativista feminista, Lola Aronovich é uma das vítimas de ameaças e difamação desses grupos e estuda profundamente o assunto há mais de 12 anos. Ela detalhou como funciona a cooptação desses jovens para os atos mais violentos nesses grupos das redes sociais.

Um relatório com diagnóstico desse tipo de violência nas escolas e possíveis soluções foi elaborado na transição do governo Lula em dezembro de 2022, intitulado “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental“.

De acordo com o documento, no Brasil, desde a primeira década dos anos 2000, ocorreram 16 ataques em escolas, dos quais quatro aconteceram no segundo semestre do ano passado, com 35 vítimas fatais e 72 feridos.

Esses números demonstram que é um problema que deve ser reconhecido pelo poder público, conforme destacou um dos coordenadores do relatório, o professor da Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara.

Daniel Cara disse que o relatório propõe a adoção de algumas medidas urgentes e que, inclusive, deram resultados em países escandinavos, como por exemplo, a identificação e o isolamento dos estudantes que foram cooptados por grupos neonazistas.

Outra ideia compartilhada entre Daniel Cara e Lola Aronovich é a de trazer a discussão sobre o discurso do ódio para dentro do espaço escolar. Lola explicou a importância disso.

Em fevereiro deste ano, o governo federal criou um Grupo de Trabalho para discutir justamente formas de combater os discursos de ódio com representantes da sociedade civil. O psicanalista Christian Dunker e a professora Lola Aronovich fazem parte desse grupo. O GT terá 180 dias, com possibilidade de prorrogação, para produzir um relatório com diagnóstico e propostas.

Com produção de Dayana Victor, edição de Nádia Faggiani e sonoplastia de José Maria Pardal.

 

Agência Brasil / Por Nelson Lin - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo - 13/03/2023 11:40:17. Última edição: 13/03/2023 11:40:17

Tags: Massacre Em Escola Suzano Discurso De ódio

Leia também:

STF concede liberdade para mais 30 presos por atos golpistas

O entendimento do ministro Alexandre de Moraes é de que eles já foram denunciados. Ou seja, não representam risco ao processo ou à sociedade e, por isso, podem responder em liberdade.

Desbarrancamento deixa oito mortos em Manaus

Defesa Civil disse que não havia sinais de risco no local onde houve o desbarrancamento, mas foi constatado excesso de lixo jogado pela comunidade em uma área mais alta da região.

Brasília recebe a maior feira de arte indígena já realizada no país

Brasília recebe a maior feira de arte indígena já realizada no país

Exposição, que faz parte do Festival Brasil é Terra Indígena, mostra potencial de produção sustentável no centro da capital federal.

Uso de imagem do Bondinho Pão de Açúcar gera polêmica nas redes

Uso de imagem do Bondinho Pão de Açúcar gera polêmica nas redes

Em nota, a empresa que administra o Bondinho diz que não restringe o uso das imagens e que o propósito da notificação enviada ao ITS foi apenas esclarecer as regras para isso.

Este site usa cookies para fornecer serviços e analisar o tráfego. Saiba mais. Ok, entendi