Geral

Metroviários dizem que governo de SP não pretendia liberar catracas

Sindicato havia proposto zerar tickets para suspender a paralisação

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo afirmou que o governador do estado, Tarcísio de Freitas, e a Companhia do Metropolitano (Metrô) mentiram ao dizer que teriam aceitado a proposta dos trabalhadores de liberar as catracas para suspender a greve dos funcionários. 

Metroviários dizem que governo de SP não pretendia liberar catracas
© Fernando Frazão/ Agência Brasil

Em greve desde o primeiro minuto desta quinta-feira (23), os trabalhadores propuseram ontem ao governo do estado e à companhia de transporte a suspensão da paralisação, caso o sistema de cobrança de passagens fosse desativado enquanto durassem as negociações.

A presidente do sindicato, Camila Ribeiro Duarte Lisboa, afirmou em entrevista no começo da tarde de hoje que o metrô enviou, por volta das 8h de hoje, uma carta aos trabalhadores afirmando que abriria as catracas. Camila Lisboa apontou ainda que o governador publicou em suas redes sociais uma postagem confirmando que o metrô iria liberar a cobrança de passagens.

Passageiros aguardam no embarque da estação Palmeiras-Barra Funda, linha 3 do Metrô, durante a greve dos metroviários em São Paulo - Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo ela, ao mesmo tempo que comunicava o aceite pela catraca livre, o metrô ingressou na justiça com um pedido de mandado de segurança solicitando a cassação de decisão, de ontem, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que permitia a liberação do sistema de cobrança de passagem.

“O governador Tarcísio mentiu para a imprensa, mentiu para a população, e mentiu para os metroviários. Ele disse que toparia o desafio da catraca livre e, ao mesmo tempo em que nos disse isso, ele fez um pedido na justiça para cancelar a catraca livre e a justiça atendeu”, disse a presidente do Sindicato dos Metroviários. 

A presidente do sindicato divulgou a carta, assinada pelo presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredo, em que a companhia afirma que liberaria as catracas para suspender a greve dos trabalhadores.

Documento em que o Metrô afirma que liberaria as catracas - Metrô de São Paulo

 

“A Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, frente os termos do Ofício recebido nesta data comunicando o resultado da assembleia ocorrida entre 00h30 e 02h00 no sentido de que a categoria decidiu, por ampla maioria, que se o Metrô aceitasse trabalhar com as catracas livres, voltaria às atividades, se manifesta nos seguintes termos: Considerando a deliberação da categoria, a Companhia informa que liberará as catracas. Para tanto, solicita o retorno imediato de 100% da categoria com a retomada plena das atividades com a maior brevidade para minimizarmos os transtornos oriundos da paralisação”, diz o texto do documento.

Justiça

De acordo com o sindicato, a carta foi recebida às 8 horas, mas pouco antes, às 07h19, segundo a consulta processual do TRT2, o pedido de mandado de segurança feito pelo Metrô, para cassar a decisão da catraca livre, foi remetido para o juízo plantonista. 

“Trata-se de pedido de concessão de medida liminar em sede de mandado de segurança para que se ‘a fim de cassar a decisão proferida nos autos da Ação Cautelar  Antecedente  no  que  tange  a  liberação das catracas sob pena de configuração de conduta antissindical, além de se estabelecer que o sindicato e a categoria dos metroviários mantenham 100% (cem por cento) do número de trens e empregados em seus postos de trabalho no horário de pico (6h00 às 9h00 – 16h00 às19h00)”, diz o texto do processo.

Em decisão disponibilizada às 10h18, o desembargador Ricardo Apostolico Silva acatou o pedido do Metrô, e cassa a decisão anterior que possibilitava a abertura das catracas. “Entendo que o prejuízo à  empresa constitui grave dano ao erário público e não pode ser determinada ou tolerada pelo Poder Judiciário, sob pena de se converter em facilitador ao movimento de greve como medida de pressão aos seus interesses, ainda que a pretexto de salvaguardar interesses da sociedade em geral”.

Apesar do aceite do governo do estado pela abertura das catracas já ter sido manifestado em carta do Metrô, na decisão, o desembargador afirma que não havia acordo sobre o tema entre as partes. 

“E, no caso, não houve comum acordo quanto a possibilidade de liberação das catracas, de forma que a greve não pode ser condicionada a tal situação. Tampouco pode o movimento ser impedido ou esvaziado com eventual determinação de retorno integral às atividades”.

O desembargador ressalta ainda que a liberação das catracas poderia afetar negativamente a segurança dos passageiros. “Ademais, eventual liberação das catracas poderia submeter o sistema ao recebimento de usuários acima do regular, diante de evidente migração de passageiros de outros meios de transporte, causando colapso e pondo em risco a segurança dos trabalhadores e dos próprios usuários, além de danos aos equipamentos e estrutura das estações”.

Passageiros optam por ônibus no Terminal Barra Funda durante a greve dos metroviários em São Paulo - Fernando Frazão/Agência Brasil

Histórico

Na coletiva, a presidente do sindicato lembrou que já houve outras ocasiões em que o Metrô liberou a catraca, sem afetar a segurança dos passageiros. 

“O metrô de São Paulo já liberou catraca algumas vezes. Eu vou relembrar a todos: a última foi na eleição presidencial, no dia 30 de outubro que era um domingo. Outra ocasião que o metrô liberou catraca foi no carnaval; outra ocasião que o metrô liberou catraca foi na época dos atos dos patos da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], então o metrô já liberou catraca algumas vezes e não ficou colocada essa ameaça de segurança”, disse.

O sindicato ainda apresentou vídeos que mostram funcionários do Metrô prontos para iniciar o funcionamento dos equipamentos na manhã de hoje. No entanto, segundo o sindicato, o início dos trabalhos, com catraca livre, não foi autorizada pelo Metrô. 

Metrô

Em nota, o metrô disse que os funcionários continuaram a paralisação mesmo com a liberação das catracas. “Diante da continuidade da paralisação por parte do Sindicato dos Metroviários mesmo com a liberação das catracas, obteve na manhã desta quinta-feira (23) liminar que determina o funcionamento de 80% do serviço do Metrô nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e com 60% nos demais horários, durante todo o período de paralisação, com cobrança de tarifa”, disse o Metrô em nota.

Continuidade da greve

No início da tarde, os metroviários fizeram nova assembleia e decidiram manter a greve. Uma nova audiência está marcada entre as parte do TRT a partir das 17 horas. 

O governo do estado foi procurado, mas não respondeu até o momento.

Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo / Edição: Aline Leal - 23/03/2023 17:20:13. Última edição: 23/03/2023 17:20:13

Tags: Metrô Greve Dos Metroviários São Paulo

Leia também:

Crise hídrica mundial é tema de conferência em Nova York

Conferência da ONU sobre a Água não pretende produzir acordos vinculantes, como o de Paris, e sim engajar os países em soluções que possam ser implementadas até 2030.

Reabertura do metrô em São Paulo segue indefinida

Apesar da empresa ter anunciado que haveria liberação de catracas, o TRT determinou operação reduzida, mas com cobrança de tarifa, com 80% do efetivo nos horários de pico e 60% nos demais horários.

Brasília recebe a maior feira de arte indígena já realizada no país

Brasília recebe a maior feira de arte indígena já realizada no país

Exposição, que faz parte do Festival Brasil é Terra Indígena, mostra potencial de produção sustentável no centro da capital federal.

Uso de imagem do Bondinho Pão de Açúcar gera polêmica nas redes

Uso de imagem do Bondinho Pão de Açúcar gera polêmica nas redes

Em nota, a empresa que administra o Bondinho diz que não restringe o uso das imagens e que o propósito da notificação enviada ao ITS foi apenas esclarecer as regras para isso.

Este site usa cookies para fornecer serviços e analisar o tráfego. Saiba mais. Ok, entendi