Questão racial também apresenta desigualdade: maioria dos gestores municipais informou cor ou raça branca (68,8%), enquanto os de cor preta ou parda foram 30,6%, e 0,6% de cor indígena ou amarela.
A pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta um cenário ainda desigual entre os gestores das cidades brasileiras. Em 2021, foram identificados 674 gestores municipais do sexo feminino, o que equivale a 12,1% do total dos 5.568 municípios pesquisados, e 4.894 do sexo masculino, ou seja, 87,9%. Mesmo nos municípios de maior proporção, esse número não chegou a 30%, sendo 26,7% em Roraima, 22,8% no Rio Grande do Norte e 22,1% no Maranhão.
A taxa de gestores municipais do sexo feminino na cultura e na educação também sofreu queda. No ano passado, as mulheres ocupavam 69,7% dos cargos na educação, valor um pouco menor do que o encontrado na pesquisa de 2018, que era de 70,1%. Na cultura, em 2021, o percentual de mulheres foi de 47,9% - uma pequena redução em relação a 2018, que registrou 49,8%.
Henrique Silveira, coordenador-geral da Casa Fluminense, organização da sociedade civil que atua para a construção de políticas públicas na região metropolitana do Rio de Janeiro, explica que esses resultados são reflexo do processo histórico excludente brasileiro.
“Isso é um processo, é resultado de um processo histórico muito longo no nosso país. Porque toda a história do nosso país, nos seus 500 anos, sempre foi muito baseada na cultura do patriarcado, ou seja, no Brasil foi sempre o homem que esteve à frente dos processos de controle político do nosso país, nas diferentes etapas da nossa história. Então, a despeito de nas últimas décadas as mulheres terem avançado em postos de destaque na política, na gestão pública a gente está muito distante de um processo de equidade de gênero”.
A questão racial também apresentou desigualdade. A maioria dos gestores municipais informou cor ou raça branca (68,8%), enquanto os de cor preta ou parda foram 30,6% e os que se declararam de cor indígena ou amarela chegaram a apenas 0,6%.
Para Henrique Silveira, a escravidão e a escassez de políticas de inclusão da população negra na sociedade estão na raiz desse resultado.
“Mesmo pós-abolição, a gente não teve um processo de inclusão social de verdade dessa população. Então, historicamente, é uma população marginalizada e isso se reflete na ocupação da gestão pública”.
Já em relação à qualificação profissional, os resultados apontam ligeira melhora. Em 2021, nos municípios pesquisados, 3.224 gestores municipais tinham curso superior completo, dos quais 15,6% com especialização, mestrado ou doutorado. Na comparação com os resultados de 2017, houve acréscimo de 195 no número de gestores com curso superior completo, e 167 entre aqueles com pós-graduação.
Agência Brasil / Por Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro / Edição: Elifas Levi / Nathália Mendes - 09/12/2022 09:51:09. Última edição: 09/12/2022 09:51:09