Muitas famílias preservam a tradição de distribuir doces no dia dos santos irmãos. Em 27 de setembro, as ruas mudam de cara e ficam repletas de crianças em busca de doces e adultos fazendo a distribuição.
Há anos, Sandra Maria, técnica de enfermagem moradora de Vila Isabel, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, distribui doces no dia de São Cosme e Damião. A tradição começou quando a filha dela teve uma doença grave, e Sandra prometeu distribuir os doces caso a menina fosse curada. A graça foi alcançada e Sandra cumpriu a promessa.
“Descobriram que ela tinha uma alergia à lactose. E começou o tratamento, ela melhorava, mas aí voltavam com um outro tipo de leite, e internava de novo. E eu fiz a promessa. Quando saímos eu fiquei tão feliz. E daí por diante eu comecei a trabalhar. Em setembro eu comprava os doces e distribuía”.
Depois de uma pausa na distribuição, outra promessa. Se o filho fosse convocado em um concurso público, Sandra voltaria a distribuir os doces, costume que mantém até hoje.
Assim como ela, muitas famílias preservam a tradição de distribuir doces no dia dos santos irmãos. Em 27 de setembro as ruas mudam de cara, e ficam repletas de crianças em busca de doces e adultos fazendo a distribuição. Hábito que se mantém especialmente em bairros mais populares, e já está na cultura do brasileiro.
O Babalawô, professor da UFRJ e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos explica que a data faz parte do catolicismo, mas tem um diálogo com as religiões de matriz africana.
“Tem a ver justamente com o que nós chamamos festa de Erê. Erê que é uma entidade que se manifesta de forma infantil, ou Beijada, para a Umbanda”
Ivanir dos Santos também reforça a importância desta celebração.
“Eu digo que festejar a criança, o Erê, ou a Beijada, é na verdade festejar a alegria”.
Para Sandra Maria, esse é um momento especial não somente para os pequenos, mas para resgatar o lado infantil dentro de cada adulto.
“Isso me deixa muito feliz pelo sorriso, pela carinha deles, por ver eles com aquelas sacolinhas correndo atrás de doces. É muito gostoso. E também nos leva lá pra trás, o nosso tempo de infância, que a gente também corria com a sacolinha na rua né?”.
Em 1969, a religião católica alterou o dia de São Cosme e São Damião para 26 de setembro mas, pelo costume, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27.
Agência Brasil / Por Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro / Edição: Roberta Lopes / Alessandra Esteves - 27/09/2023 08:30:04. Última edição: 27/09/2023 08:30:04