SP: Cruzamento da Ipiranga com a São João ganha esculturas de bronze

O cruzamento mais famoso de São Paulo, o da Ipiranga com a São João, ganhou novas esculturas em bronze. Em cada uma das quatro esquinas, as estátuas de personagens que fazem parte da história da cidade: os sambistas Adoniram Barbosa e Paulo Vanzolini e os anônimos, fotógrafo de lambe-lambe e o engraxate.

O lugar também ganhou calçadas acessíveis, os postes de iluminação foram restaurados e a fiação foi reordenada.

Segundo a prefeitura, o objetivo é “resgatar o local como ponto de visitação e contribuir com a recuperação do centro”.

A promessa também é garantir mais segurança no local, mas para isso, a aposta foi em uma tecnologia polêmica: a vigilância por meio de câmeras com reconhecimento facial. Batizado como Smart Sampa, a ideia é instalar mais de 20 mil câmeras em toda a cidade, até 2024, com o investimento de R$ 70 milhões por ano.

Mas estudos mostram que esse tipo de tecnologia não é neutra e reproduz comportamentos discriminatórios. Em 2019, a Rede de Observatórios da Segurança monitorou as prisões feitas com o uso da tecnologia ao longo do ano. Das 184 pessoas presas por reconhecimento facial, mais de 90% eram negras. Incluindo duas pessoas inocentes identificadas por engano pelas câmeras.  Algumas cidades do mundo já baniram essa tecnologia, como São Francisco e Cambridge, nos Estados Unidos.

O mandado coletivo Quilombo Periférico, entrou com uma representação no Tribunal de Contas do Município para suspender o edital de compras das câmeras de monitoramento. O co-vereador Alex Barcellos explicou que o racismo foi o que motivou a ação. 

Nesta terça-feira, um dia depois de anunciada a renovação da esquina imortalizada na música de Caetano Veloso, a prefeitura anunciou a suspensão do edital. Em nota a prefeitura explicou que a suspensão é temporária e que a decisão foi tomada para poder eliminar todas as dúvidas sobre o programa Smart Sampa.