Internacional

FMI fica sem consenso sobre financiamento e linguagem de conflito

Nações prometem “aumento significativo” de dinheiro para empréstimos

Os países do Fundo Monetário Internacional (FMI) não conseguiram chegar a um acordo neste sábado (14) sobre um plano apoiado pelos Estados Unidos para aumentar o volume de recursos do FMI sem dar mais espaço na instituição à China e outros grandes mercados emergentes, incluindo o Brasil. No entanto, as nações prometeram um “aumento significativo” do dinheiro para empréstimos até o fim do ano.

Em uma entrevista coletiva após uma reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do FMI (IFMC), no Marrocos, a diretora Nadia Calvino disse que o aumento prometido nos fundos das cotas da instituição garantirá "um FMI com recursos adequados que possa garantir a estabilidade financeira", mas recusou-se a descrever os termos do entendimento.

Calvino, que é ministra da Economia da Espanha, disse que o IFMC não conseguiu chegar a um consenso sobre um comunicado conjunto em meio a divergências sobre a linguagem usada no tratamento de conflitos, apesar de muitos países-membros condenarem a invasão da Ucrânia pela Rússia e o assassinato de civis em Israel e na Faixa de Gaza.

Aumento de cota

Um funcionário de um país do G7 - grupo das nações mais industrializadas do mundo, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Único -, com conhecimento direto das negociações, disse que não havia consenso sobre o aumento da cota, nem clareza sobre se o prazo para acertar a questão até o fim do ano seria muito apertado. O FMI havia definido que concluiria a sua mais recente revisão de cotas até 15 de dezembro próximo.

O plano do Tesouro dos Estados Unidos para que os países contribuam com novos valores de cotas proporcionalmente às suas atuais participações, inalteradas desde 2010, ganhou o apoio dos países do G7, da Índia e de vários outros mercados emergentes.

Mas a China continuou a resistir. O governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, disse - em comunicado ao IMFC - que a China deseja tanto um aumento de cota quanto um realinhamento de ações "para refletir o peso relativo dos membros na economia global e fortalecer a voz e a representação dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento".

Incertezas

Forjar um acordo para aumentar o poder de fogo de um bilhão de dólares do FMI para permitir responder a outra crise econômica de grande escala foi uma das principais tarefas da diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, nas reuniões anuais do FMI-Banco Mundial esta semana, no Marrocos.

Mas a semana foi ofuscada pelo crescente conflito entre Israel e Gaza, e Georgieva encerrou o evento com um alerta sobre o aumento da incerteza econômica global.

"Posso dizer que o choque que as pessoas sentiram apareceu nas nossas reuniões", disse Georgieva, observando que o foco das atenções foi mudando dos ataques a "civis inocentes" em Israel para "a necessidade de encontrar maneiras de evitar a perda de vidas civis em Gaza".

"O que vemos, é claro, é um reconhecimento de que essa é mais uma fonte de incerteza", disse ela, acrescentando que muito dependerá de seu escopo e duração [do conflito].

Agência Brasil / Por David Lawder e Andrea Shalal - da agência Reuters - Marrakech (Marrocos) - 14/10/2023 18:10:09. Última edição: 14/10/2023 18:10:09

Tags: FMI Marrocos Conflito No Oriente Médio G7

Leia também:

Lula conversa com líder palestino sobre a retirada brasileiros de Gaza

Lula conversa com líder palestino sobre a retirada brasileiros de Gaza

Segundo o Planalto, Lula expressou preocupação com a população civil e com o bloqueio da ajuda humanitária em Gaza. Ele também defendeu a criação de um corredor humanitário e a liberação de todos os reféns.

Exército israelense investiga morte de jornalista libanês da Reuters

Governo libanês disse que apresentaria uma queixa formal ao Conselho de Segurança da ONU sobre "o assassinato deliberado por Israel" de Issam Abdallah.

Chuva agrava situação em Gaza

Chuva agrava situação em Gaza

Segundo as Nações Unidas, Gaza enfrenta uma grave crise de saúde pública

Países desenvolvidos devem liderar fim dos combustíveis fósseis

Países desenvolvidos devem liderar fim dos combustíveis fósseis

O presidente Lula vem cobrando que os países ricos cumpram compromissos no âmbito internacional, como a doação de US$ 100 bilhões ao ano para que nações em desenvolvimento preservem florestas.

Este site usa cookies para fornecer serviços e analisar o tráfego. Saiba mais. Ok, entendi