Mais de 70 milhões sofrem com insegurança alimentar no Brasil, diz ONU

Um relatório elaborado por cinco agências da ONU, divulgado hoje, aponta que mais de 70 milhões de pessoas no Brasil sofrem com insegurança alimentar e esse contingente é quase o dobro do observado no período pré-pandemia.

Em todo o mundo, desde 2019, mais 122 milhões de seres humanos passaram a conviver com fome, o nível mais grave desse problema. Em 2022, o mundo tinha 735 milhões de pessoas passando fome, cerca de 9% da população global. Caso esse contingente fosse um país, seria o terceiro mais populoso atrás apenas da Índia e da China. 

A fome piorou e muito em todos os níveis e a insegurança alimentar passou a fazer parte da realidade de 2,4 bilhões de pessoas. O economista chefe da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Máximo Toureiro, pondera que a fome até diminuiu em alguns países da Ásia e da América Latina e que 2022 parecia mais favorável para uma melhora da economia global. Até que a guerra da Ucrânia provocou um novo choque nos preços dos alimentos.

O relatório considera diferentes níveis para a falta de acesso à comida. A insegurança alimentar pode ser moderada ou severa. Já a subalimentação crônica é uma situação duradoura que causa sofrimento físico pela insuficiência de calorias ingeridas.

No Brasil, 4,7% da população estava na situação mais grave, entre 2020 e 2022, ou seja, cerca de 10,1 milhões de pessoas. Quase 10% passava por segurança alimentar severa. Se incluirmos o nível moderado, eram quase um terço dos habitantes, o equivalente a mais de 70 milhões de pessoas. Uma piora com relação ao período anterior, quando esse percentual era de pouco mais de 18%.

A pandemia, eventos climáticos extremos, guerras, desigualdade. A médio e longo prazo é a crise climática que preocupa os especialistas, mas o mundo segue produzindo comida suficiente para todos. Então, o relatório lembra que a principal solução passa por ações políticas.