Política

Lula defende que a esquerda construa uma nova utopia

Presidente cumpre agenda na Itália e na França

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (22), que os movimentos partidários de esquerda precisam construir uma nova utopia para levar adiante a defesa do Estado e dos direitos humanos. Lula cumpre agenda na Itália e na França nesta semana, e falou com a imprensa em Roma, antes de embarcar para Paris.

Lula defende que a esquerda construa uma nova utopia
© Ricardo Stuckert/PR

“É preciso que a gente reconstrua uma nova utopia, para que a gente possa vencer a utopia criada pela direita de que o Estado não vale nada, de que o Estado tem que ser fraco, de que a iniciativa privada resolve os problemas. Nós vamos construir um outro discurso, nós precisamos ter coragem de defender o trânsito livre do ser humano da mesma forma que se permite o trânsito livre de dinheiro”, defendeu.

Lula criticou o protecionismo de países europeus em relação a imigrantes e à “política de costumes” defendida por partidos de extrema-direita. “Se você tem centros de pobreza no mundo, se você tem centros de violência, é normal que as pessoas queiram transitar de um lugar para outro, é assim que foi criada a humanidade. Então é importante que a gente também construa esse discurso que eu acho que ajudará a gente a fazer o embate com os setores mais conservadores na Europa, que não é só na Europa, é nos Estados Unidos, no Brasil, na América Latina em todos os lugares”, afirmou.

“Você tem uma extrema direita nascendo com discurso muito duro na política de costumes, na questão da família e, muitas vezes, a esquerda fica um pouco inibida. Eu acho que nós precisamos defender com mais clareza as coisas que nós acreditamos. Ou seja, eu acho que a esquerda no Brasil, na América Latina e no mundo, precisa criar uma nova utopia, sobretudo porque a juventude precisa de utopia, de um sonho pra gente continuar lutando por ele”, acrescentou o presidente.

Na quarta-feira (21), Lula se reuniu com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Primeira mulher a ocupar o cargo, Meloni é líder do primeiro governo de extrema-direita no país em décadas. Segundo o presidente brasileiro, entretanto, isso não impede os dois líderes de discutirem as relações entre os países. “Quando o chefe de Estado se encontra com outro chefe de Estado, não está em jogo a questão ideológica”, disse.

Relações bilaterais

Na conversa, Lula e Meloni trataram sobre temas de interesse comum, como economia e preservação ambiental. Os dois países compartilham o fato de assumirem, para o próximo ano, protagonismo em dois importantes fóruns internacionais. A Itália na presidência do G7 e o Brasil na presidência do G20.

O combinado entre as lideranças foi manter o diálogo sobre a gestão dos grupos que reúnem as principais economias do mundo. Lula também convidou a primeira-ministra para visitar o Brasil.

“Podemos construir parceria na área empresarial. Nós temos mais de 1,4 mil empresas italianas no Brasil. Nós temos muitas empresas brasileiras na Itália. A gente pode construir parceria científica e tecnológica. As nossas universidades podem fazer parcerias. E é assim que a gente conversa”, disse Lula.

O presidente, inclusive, elogiou a personalidade de Meloni, e afirmou que “é extraordinário” quando uma mulher ganha uma eleição, já que o mundo “ainda é muito machista”.

“Agora ela vai ter que governar, ela vai enfrentar muito preconceito. A questão de gênero ainda pesa muito, existe hoje um crescimento de ódio contra as mulheres, de desrespeito e de violência em todo o mundo. Então, ela vai enfrentar tudo isso. Agora, eu senti que é uma mulher que tem a cabeça no lugar, é uma mulher inteligente”, acrescentou.

Brasil e Itália têm uma parceria de longa data. A intensa imigração italiana no início do século 20 fez com que o Brasil tenha a maior colônia de italianos e descendentes no mundo, com cerca de 30 milhões de pessoas. A comunidade de brasileiros em território italiano também é grande, com cerca de 100 mil pessoas vivendo nas principais cidades do país europeu.

No comércio exterior, o volume de negócios entre os países chegou a US$ 10,46 bilhões em 2022.

Paris

Após a entrevista coletiva desta quinta-feira, Lula embarcou para Paris. Na capital francesa, ele participa da Cúpula sobre o Novo Pacto Global de Financiamento e terá encontro bilateral com o presidente Emmanuel Macron e outros líderes que estarão na cidade para a cúpula.

Lula também fará o discurso de encerramento do evento Power Our Planet, a convite da banda Coldplay, na noite desta quinta-feira. O evento será realizado no Campo de Marte, em frente à Torre Eiffel, e também terá as presenças de líderes do Timor Leste, Barbados, Gana e Quênia, além da prefeita de Paris, Ane Hidalgo.

Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília / Edição: Fernando Fraga - 22/06/2023 12:10:22. Última edição: 22/06/2023 12:10:22

Tags: Lula Roma Paris Utopia Esquerda União Europeia Extrema-direita

Leia também:

Lula diz que manutenção da taxa de juros em 13,75% é irracional

Lula diz que manutenção da taxa de juros em 13,75% é irracional

O presidente também criticou Campos Neto, presidente do Banco Central. Ele afirmou que o dirigente joga contra a economia brasileira. As declarações foram dada durante viagem de Lula à Itália.

Projeto do arcabouço fiscal é aprovado no Senado e volta para Câmara

Os senadores votaram para retirar do teto três pontos: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb); o Fundo Constitucional do DF; e também investimentos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Comissão do Senado aprova Dino para o STF e Gonet para a PGR

Comissão do Senado aprova Dino para o STF e Gonet para a PGR

Para serem aprovados em definitivo, ambos precisam obter ao menos 41 votos entre os 81 senadores. Sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado durou mais de 10 horas.

Flávio Dino opina sobre mandato no STF e regulação de redes sociais

Flávio Dino opina sobre mandato no STF e regulação de redes sociais

Projeto de lei de autoria do ex-juiz apresentado em 2009 defende permanência de 11 anos dos ministros da Suprema Corte.

Este site usa cookies para fornecer serviços e analisar o tráfego. Saiba mais. Ok, entendi